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21/05/2018

Precisamos conversar sobre como a crise na Venezuela traz impactos para o Brasil

Precisamos conversar sobre como a crise na Venezuela traz impactos para o Brasil

 
Reeleito, Nicolás Maduro teve 67% dos votos
A reeleição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é ocasião importante para refletir sobre a crise política e econômica do país, que traz consequências graves para o Brasil pela perda de mercados de exportação, aumento do número de imigrantes e refugiados e desagregação de processos de integração regional. O debate político brasileiro sobre a Venezuela tem sido um desdobramento da polarização entre esquerda e direita que predomina no Brasil nos últimos anos. A tensão ideológica tem dificultado a identificação dos interesses nacionais em jogo diante do colapso econômico e da crise humanitária de um vizinho importante, e de como responder a tais problemas. Quem ganhar as eleições presidenciais de 2018 não poderá fugir do desafio.

Maduro era amplamente cotado para vencer disputa boicotada pela oposição, cujos principais líderes (Antonio Ledezma, Henrique Capriles, Leopoldo López, María Corina Machado) não puderam concorrer por cassação, exílio ou prisão. O maior rival do presidente foi Henri Falcón, ex-militar chavista que deixou o bloco governista há poucos anos e desperta desconfianças entre muitos oposicionistas. Ainda assim, Falcón esteve à frente do presidente em até 11 pontos percentuais em várias pesquisas de opinião. A prevista vitória de Maduro foi marcada por alta abstenção eleitoral e denúncias de fraudes.

Maduro foi eleito presidente pela primeira vez em 2013, após a morte de Hugo Chávez e em meio aos impactos da crise financeira global e da baixa dos preços internacionais do petróleo, produto que representa mais de 90% das exportações venezuelanas. Seu governo caracteriza-se pelo colapso econômico e pelo acirramento das tensões políticas e das violações de direitos humanos. Há três anos, o Banco Central parou de divulgar estatísticas sobre inflação, mas o Fundo Monetário Internacional estima que ela foi 1.000% em 2017 e que o PIB caiu 15% - tem diminuído todos os anos desde 2014. Neste mês de maio, o salário mínimo compra apenas 1Kg de carne. A cesta básica custa 29 vezes o seu valor. Fome e subnutrição são generalizadas, atingindo não só os pobres, mas também a classe média. Segundo a Anistia Internacional, cerca de 120 pessoas foram mortas pelas forças de segurança na repressão aos protestos do ano passado, com muitos casos de prisões arbitrárias e torturas. A ONG venezuelana Foro Penal estima que há 235 presos políticos no país
A Venezuela foi tradicionalmente um destino de acolhida, que recebeu refugiados das ditaduras vizinhas e imigrantes que buscavam uma vida melhor atraídos por sua bonança petroleira. Não mais. A Organização Internacional para as Migrações registra que um milhão de venezuelanos deixou o país desde 2015. Em sua maioria, foram para Estados Unidos, Colômbia, Espanha e Peru. É difícil afirmar com certeza quantos vieram para o Brasil. A Polícia Federal estima que foram cerca de 45 mil, e o número cresce rapidamente, provocando uma crise regional em Roraima, estado com infraestrutura frágil que tem sido sua principal porta de entrada no país.

O Brasil também sofre impactos negativos da crise venezuelana em seu comércio exterior. Em 2012, no auge do intercâmbio bilateral, exportou US$ 5 bilhões para a Venezuela. Em 2017 foram apenas US$ 470 milhões, um retrocesso ao patamar de 1996 e o menor valor vendido pelo Brasil para outro país sul-americano. O governo brasileiro apoiou a suspensão venezuelana do Mercosul e divergências sobre Maduro foram o principal motivo para o Brasil interromper sua participação na Unasul.

Fonte:oglobo.globo.com/mundo/artigo-precisamos-conversar-sobre-como-crise-na-venezuela-traz-impactos-para-brasil-22700652

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